Morte de Lô Borges marca fim de um ciclo na música brasileira
Da Redação .
Foto(s): Divulgação / Bárbara Dutra
Aos 73 anos, Lô Borges, fundador do Clube da Esquina, deixa um legado que redefiniu a MPB ao incorporar influências internacionais e expressar a identidade cultural de Minas Gerais, provocando uma renovação profunda na música nacional.
Lô Borges, um dos nomes mais emblemáticos da música brasileira, faleceu aos 73 anos na noite de domingo, 2 de novembro de 2025, em Belo Horizonte. O cantor e compositor estava internado desde meados de outubro no Hospital Unimed-BH, após sofrer intoxicação medicamentosa, que resultou em complicações graves, incluindo falência múltipla de órgãos. Durante sua internação, passou por ventilação mecânica, traqueostomia e sessões de hemodiálise, mas não resistiu. A notícia causou grande comoção no cenário cultural, levando o governo de Minas Gerais a decretar luto oficial de três dias.
Nascido Salomão Borges Filho em 10 de janeiro de 1952, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte, Lô Borges iniciou sua trajetória musical cedo. Aos 10 anos, conheceu Milton Nascimento, com quem viria a formar uma das parcerias mais influentes da música brasileira. Juntos, foram protagonistas da criação do movimento cultural conhecido como Clube da Esquina, surgido nos anos 1960 na esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Belo Horizonte. O grupo mesclava rock, jazz, música regional mineira e psicodelia, criando uma linguagem inovadora e rica, que ampliou os horizontes da MPB.
Lô Borges é autor de algumas das canções mais marcantes da música nacional, como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”. Em 1972, lançou o álbum coletivo “Clube da Esquina” em parceria com Milton Nascimento, considerado um dos maiores discos da história do Brasil. No mesmo ano, lançou seu disco solo, conhecido como “Disco do Tênis”, que se tornou um marco pela psicodelia e experimentação sonora. Seu estilo harmonioso e inventivo influenciou gerações de músicos e permanece atual.
Sua carreira foi caracterizada pela busca constante por liberdade artística, criando um som que dialogava com o mundo sem perder as raízes culturais mineiras. Lô Borges compôs para grandes nomes da música brasileira e internacional, e sua obra é reconhecida pela qualidade técnica e poética. Mesmo com uma postura discreta, sua influência no cenário musical foi profunda e duradoura.
Com uma trajetória de cerca de 16 álbuns lançados, Lô Borges conquistou uma legião de fãs e respeito no meio artístico, tendo sido indicado ao Grammy Latino 2023 na categoria de Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa por seu trabalho mais recente. Seu legado é a riqueza da cultura musical brasileira renovada por uma visão original e plural, que trouxe Minas Gerais para o centro do mapa cultural nacional e mundial.
Lô Borges deixa um filho, Luca Borges, cinco irmãos e um extenso público que continuará a celebrar sua música e sua contribuição singular para a cultura nacional. Seu velório foi realizado no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, numa despedida marcada pelo reconhecimento ao seu talento e importância cultural.
(*) Com informações das fontes: Correio Braziliense, UOL Toca, Terra, G1, Sampi Net, Letras.mus.br, Agência Brasil, Estado de Minas, CNN Brasil, Brasil247, InfoMoney, Poços Já, Wikipédia, Rádio CBN Caruaru e VEVO.
