A atividade econômica brasileira registrou nova retração em julho, com uma queda de 0,5% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB. Este é o terceiro mês consecutivo de redução, sinalizando desaceleração mais intensa após o ciclo positivo observado no início de 2025.
O resultado ficou abaixo das expectativas do mercado, que estimava uma perda de cerca de 0,2%. Segundo os dados oficiais, o índice ajustado caiu para 108,1 pontos, patamar inferior ao de abril, quando foi registrada a máxima histórica da série. O fenômeno é explicado principalmente pelo recuo da indústria, que registrou baixa de 1,1% no mês. No setor agropecuário, houve queda de 0,8%, e os serviços recuaram 0,2%. Analistas indicam que todos os segmentos sentiram os efeitos do crédito mais caro e da demanda enfraquecida.
O Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, o maior nível desde 2006, numa estratégia de combate à inflação. Essa política, ao encarecer o crédito, tende a limitar o consumo e o investimento produtivo, reduzindo o ritmo da economia nacional. Segundo o BC, a desaceleração observada já era esperada e contribui para a convergência da inflação à meta.
Na comparação anual, o IBC-Br ainda registra alta de 1,1% em julho e, no acumulado dos últimos 12 meses, crescimento de 3,5%, mostrando que a atividade mantém saldo positivo no ano. Entre janeiro e julho, a economia avançou 2,9%, mas a tendência atual reforça cautela entre os agentes do setor produtivo, que aguardam sinais de retomada com eventuais ajustes futuros nos juros.
O desempenho negativo nos últimos três meses reacendeu discussões sobre a necessidade de dosar o ritmo dos cortes na Selic, diante do desafio de balancear crescimento com controle inflacionário. Especialistas apontam que, enquanto o custo do dinheiro permanecer elevado, o Brasil tende a operar abaixo do seu potencial, apesar do saldo anual positivo.
(*) Com informações das fontes: Agência Brasil, UOL Economia, G1.