O mundo da moda acordou em luto nesta quinta-feira com a notícia da morte de Giorgio Armani, o icônico designer italiano que redefiniu o vestuário masculino e feminino com uma elegância despojada e revolucionária. Aos 91 anos, Armani faleceu pacificamente em sua casa em Milão, cercado por entes queridos, conforme anunciou o Grupo Armani em um comunicado emocionado. Ele continuou trabalhando ativamente em suas coleções e na gestão de seu império até os últimos dias, demonstrando a dedicação incansável que marcou sua trajetória de mais de cinco décadas. Nascido em 11 de julho de 1934, em Piacenza, uma pequena cidade no norte da Itália, Armani cresceu em um ambiente modesto durante os anos difíceis do pós-guerra. Inicialmente, ele estudou medicina na Universidade de Milão, mas abandonou o curso após dois anos para cumprir o serviço militar. Foi nesse período que sua paixão pela moda começou a despontar, levando-o a um emprego na renomada loja de departamentos La Rinascente, onde aprendeu os fundamentos do varejo e do design. Em 1964, ele ingressou na equipe de Nino Cerruti, onde aprimorou sua visão para o vestuário masculino, focando em cortes mais fluidos e confortáveis que desafiavam as estruturas rígidas da época.
Em 1975, ao lado de seu parceiro de vida e negócios Sergio Galeotti, Armani fundou sua própria marca, Giorgio Armani S.p.A., com um investimento inicial modesto de cerca de 10 mil dólares. O lançamento de sua primeira coleção masculina no ano seguinte, exibida na Barney's New York, marcou o início de uma revolução. Ele introduziu o jaqueta desestruturado, removendo forros e enchimentos tradicionais para criar peças que valorizavam o corpo natural do usuário, combinando conforto com sofisticação. Essa inovação rapidamente se espalhou para a moda feminina, onde Armani popularizou o "power suit": ternos com ombros acolchoados e calças de corte masculino que empoderavam as mulheres no ambiente corporativo dos anos 1980. Suas criações, caracterizadas por uma paleta urbana de tons neutros como bege, cinza e azul marinho, contrastavam com o excesso de cores e brilhos de contemporâneos como Gianni Versace, estabelecendo um estilo de elegância minimalista que se tornou sinônimo de luxo acessível.
O impacto de Armani no cinema e na cultura pop foi monumental. Em 1980, seu trabalho ganhou projeção global com o filme "American Gigolo", no qual Richard Gere vestiu ternos Armani que se tornaram símbolos de status e sedução. A partir daí, Hollywood abraçou sua visão: ele vestiu estrelas como Jodie Foster, Sean Connery, Tina Turner, Sophia Loren e, mais recentemente, Cate Blanchett, que frequentemente optava por seus tailleurs atemporais em tapetes vermelhos. Armani acumulou mais de 200 créditos em figurinos para filmes, solidificando sua influência além das passarelas. Seu império expandiu-se para linhas como Emporio Armani, voltada para um público mais jovem e casual; Armani Jeans e Armani Exchange, democratizando o luxo; e Armani/Casa, que levou sua estética para o design de interiores. Em 2011, ele inaugurou um complexo multifuncional em Milão, incluindo hotel de luxo, restaurante, livraria e boate, transformando a marca em um estilo de vida completo. Além disso, Armani projetou uniformes para a equipe italiana nos Jogos Olímpicos de 2012, 2016 e 2020, e era proprietário do time de basquete Olimpia Milano, lançando a linha esportiva EA7.
No âmbito pessoal, Armani enfrentou perdas significativas, como a morte de Galeotti por complicações da AIDS em 1985, o que o deixou como único acionista da empresa, avaliada em até 10 bilhões de euros em 2024. Ele nunca se casou e manteve uma vida discreta, priorizando o trabalho e a filantropia. Nomeado embaixador da boa vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados em 2002, Armani apoiou causas humanitárias, e em 2021 recebeu o título de Grande Oficial da Ordem do Mérito da República Italiana. Seu legado é celebrado por figuras da indústria: Donatella Versace o chamou de "gigante que fez história e será lembrado para sempre", enquanto Julia Roberts o descreveu como "um verdadeiro amigo e uma lenda". A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni o homenageou por sua "elegância, sobriedade e criatividade", afirmando que ele era "um símbolo do melhor da Itália".
A morte de Armani representa o fim de uma era na moda, mas seu espírito perdura nas peças que continuam a inspirar gerações. O Grupo Armani, em seu comunicado, expressou profundo pesar, destacando que ele era visto como um pai por colaboradores e familiares, e comprometeu-se a preservar sua visão com respeito e dedicação. Em um mundo cada vez mais acelerado, o estilo de Armani nos lembra que a verdadeira elegância reside na simplicidade e na autenticidade.
* Com informações das fontes: CNN, AP News, The New York Times, Reuters, NBC News, USA Today.
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